CUBA
Capa dura, 27cmX27cm, 300 páginas, 4x4 cores.
O livro "Cuba" mostra o cotidiano de um povo, usos e costumes, gente, rostos, risos, olhos, crianças, namorados, charutos, portas coloridas, fachadas, ruas, praças, músicos, carros. O que se mantém como mais encantador em Cuba: a cultura das pessoas, a solidariedade que cultivam, a aura poética dos casarios antigos, o ar de nostalgia, a natureza exuberante e a beleza das paisagens da ilha. Eis os fragmentos de um país que tem tanto a ver com o Brasil na população afetuosa, na pele, no cheiro, na musicalidade, na sensualidade, nas cores”. A obra é apresentada por Ignácio de Loyola Brandão.
Luz de Cuba
Luz deles, luz nossa num momento em que a crise cubana é grande, Lisette traz suas fotos para que façamos uma viagem por dentro daquele país, entremos em contato com seu povo. Neste circuito, que ela nos abre, descobrimos porque sentimos ternura pelos cubanos. Porque se parecem conosco.
Se esquecermos os velhos carros ou imagens da uma Havana colonial (sim, mas ali pode ser Bahia), estamos diante de personagens e tipos familiares a todos nós, nestas mulheres de sorrisos escancarados e afetuosos, nestas crianças mulatas, na sensualidade, nos sorrisos luminosos, na cor.
Os sorrisos e a música ainda garantem aos cubanos a força para resistir e permanecer. Estes velhos carros americanos me provocam a memória afetiva, minha adolescência nos anos 50, quando os ricos de minha cidade eram os únicos que tinham carro, viajavam, iam para onde queriam, não andavam de ônibus e tinham as mais belas jovens da cidade.
Lisette mergulha sua câmera e revela o que mais nos interessa, os personagens humanos em seu cotidiano, em sua vaidade, em sua intimidade, gestos, trejeitos. Quem faz um país são as pessoas e estas Lisette captura, porque acima de tudo ela é “portraitista”, está habituada a romper resistências, abrir as portas da alma, a desvendar os mistérios humanos.
Aqui estão fotos cheias de afeto e ternura. Se um criador não se apaixona pelos seus personagens, tudo perde a autenticidade. Como Lisette se entrega, os cubanos se entregaram também. Eis fragmentos de um país que tem tanto a ver com o Brasil na pele, no cheiro, na musicalidade, na sensualidade, nas cores.
Sei, estive lá, vivi um breve período, escrevi um livro sobre a ilha e me comove ver estas imagens. O que mais me impressionou quando estive lá foi a luz que era também a luz do Brasil, o sol escaldante, o jeito dos cubanos. A luz que é deles é irmã da nossa. Sou como imensa maioria, quero tanto que Cuba dê certo!
Ignácio de Loyola Brandão
O mundo como se fosse a sua casa
O acabamento cuidadoso e o brilho do olhar de Lisette Guerra nos levam à Cuba os muitos gostos, cheiros e alquimias neta mostra fotográfica sensível e bela. Lisette nos entrega uma Cuba iluminada e serena, cheia de contrastes, carros muito antigos e o sorriso novo das crianças, mulheres coloridas e a fuligem dos casarios, tudo isso embebido pelo sol Caribenho. O povo franco e aberto canta seus cânticos nas esquinas, discute na rua, as portas das casas sempre abertas aos nossos olhos curiosos por aquela arquitetura dos seus interiores, onde se misturam lustres de cristal com o varal das roupas lavadas e os seus habitantes de chinelos de dedo e cigarrilhas nos dedos amarelados. A alegria deste povo simples está presente nos seus rostos e gestos na maneira de falar, de ouvir e de cantar, na luta cotidiana para vencer a falta de trabalho, o solo esgotado pela monocultura, o embargo americano. Ela responde com a melhor escola de saúde, o fim do analfabetismo, a bela Cuba, sobrevivente de muitas batalhas, permanece viva, pulsante e ansiosa pelo futuro. Lisette nos encanta, mais uma vez, pela forma como vê as coisas, como fotografa o mundo como se fosse a sua casa, o seu íntimo, confidenciando segredos multicoloridos e densos.
Sandra Genro